Nº 2 – Dezembro – Ano 2015

Revista Sísifo – Feira de Santana – v. 1, n. 2 (2015)
Nº 2 – Dezembro 2015 – Ano 2015.
Filosofia – Periódico
Feira de Santana – BA – Brasil
ISSN: 2359-3121

APRESENTAÇÃO


O mundo contemporâneo enfrenta problemas crônicos, mas se muitos se originaram no limiar dos séculos XX e XXI, outros são mais antigos ainda e desafiam a inteligência do ser humano, sejam lideranças espalhadas pelos quatro cantos da Terra, sejam filósofos, sociólogos, psicólogos e/ou artistas.

Nesta edição, apresentam-se textos que procuram fazer o leitor identificar e a compreender alguns dos mais relevantes problemas sociais contemporâneos e o modo como estes afetam os indivíduos, as estruturas e as práticas sociais.

Em “Ainda somos vulneráveis”, a crítica de José Feres Sabino aos filmes Faces (1968) e Uma mulher sob influência (1974), não nos faz somente voltar com outros olhos à esses filmes, como também refletir sobre o mundo contemporâneo, já que, como o próprio autor disse, “os dois filmes nos levam a pensar que a presença marcante das máscaras torna o rosto humano estranho ao próprio homem, como se só existisse a medida da regra social e a medida singular de cada ser humano (seu próprio rosto) é esquecida”.

Grande texto de José Feres Sabino, que ao questionar a regra geral social como existente em detrimento da singularidade do ser humano, que é esquecida, nos faz pensar sobre os corpos que denunciam os graves problemas do mundo contemporâneo em lidar com suas singularidades e sensorialidades junto aos mecanismos de regra ou controle social, os quais nos remetem ao outro texto, desta edição, como mais uma via de análise desse problema: “Da sociedade disciplinar à sociedade de controle: a produção de subjetividade e os novos tipos de servidão”, onde os autores Jaciara Carneiro, Suany Lima e Diego Toloy visam problematizar os interstícios que permitem conceber o sujeito que perpassa, inevitavelmente, pelas transformações no meio social, mais precisamente no recorte de tempo entre a sociedade disciplinar e a de controle, como bem afirmou o filósofo Michel Foucault.

Já que uma visão foucaultiana foi posta nesta apresentação, ao se referir ao último artigo até então, pode-se, através do poder disciplinar ou do biopoder, analisados por Foucault ou através das formas de poder da atual sociedade contemporânea, denominada sociedade de controle ou sociedade de risco, mostrar o quão estão estritamente ligados ao controle do corpo e da sexualidade, principalmente das mulheres. Temos, então, um tema importante: o movimento feminista, que é outra questão contemporânea, mas que, aqui, ao se falar da mulher, somos levados a entrar em um texto com sua estrutura bastante singular e interessante: “Vinho, garrafas, segredos”, que escrito pelo autor Nilo Reis, nos faz refletir, dentre outras questões, a mulher. Na sua escrita ora conto, ora ensaio, ora crônica, devido a sua tamanha criatividade forma-conteúdo, as ironias e as profundidades filosóficas, tão perigosas, nos diz que: “mais de três mil anos de história e muita escrita e nenhuma evidência da alma feminina e da submissão masculina à sua dominação inteligente; só mulher que não pensa é que é subjugada pelo macho”. Um texto que precisa ser lido com calma.

Todos esses textos articulam suas teses de uma forma ou de outra. É preciso que esses textos se comuniquem com o leitor, como também evidenciem o que querem ainda demonstrar: a relação entre um ser humano e outros no âmbito social, e assim exigindo uma linguagem. Aliás, a “linguagem” é ainda outro fator da nossa contemporaneidade, e que podemos perceber, aqui, através do texto “PALAVRAS: as Investigações Lógicas de Ludwig Wittgenstein”, no qual o autor Arturo Fatturi afirma que Wittgenstein explora os enganos que nossos modelos de explicação nos fazem cometer, quando não os consideramos como o que são, isto é, modelos que usamos para explicar e não descrições. Linguagem que aponta ainda para a arte, a poesia, a poética e as expressões de cinismos discutidos em “Rosnados, uivos e latidos”, quando a autora Bruna Torlay nos exprime, dentre outros assuntos, sobre o “torcer a palavra, minar a coisa. Em teatro, comédia ou tragédia, chega a ser óbvio indicar o recurso constante e sistemático ao expediente cunhado pelos cínicos”.

Com tantos textos ricos e singulares, cada um ao seu modo, abarcam a contemporaneidade ou são atemporais, assim não poderiam faltar umas das questões contemporâneas: políticas, refugiados e religião. Com esse objetivo, o texto “O ocidente e seus orientes”, do autor Laurenio Sombra, explora muito bem a problemática atual e em alta: o ataque do Estado Islâmico na França. Sombra nos fez, então, apresentar ao leitor, com a mesma admiração e respeito a todos os nossos textos aqui presentes, um artigo pertinente, aproximando-nos da filosofia ao trazê-la para discussão em voga.

Assim, convidamos aqueles que se identificam com esse amplo e variado temário presente nessa edição da Revista Sísifo a se debruçarem sobre esta significativa amostra das possibilidades de produção original e de saberes úteis para a construção do conhecimento. Esperamos que cative. Resta-nos, pois, o convite. À leitura (e à) crítica.

Marcelo Vinicius
Yves São Paulo
Editores

TEXTOS: