Número 10, Vol. 1. Julho-Dezembro 2019

Revista Sísifo – Feira de Santana – v. 1, n. 1 (2014-)

nº 10 julho-dezembro 2019

Filosofia – Periódicos I

ISSN: 2359-3121

APRESENTAÇÃO


A presente Edição constitui-se pela reunião de textos de demanda espontânea do período 2019.1 e 2019.2. Na condição de demanda espontânea, os textos aqui elencados, artigos e resenhas, se aproximam na medida em que encerram qualidades importantes para a pesquisa acadêmica e para a divulgação de ideias: o rigor teórico e, também, a disposição para articular reflexões de ordem prática que estejam afinadas com os desafios da sociedade contemporânea.

Assim, em “Lançamentos”, coluna inaugurada nessa edição, contamos com a resenha de Liliana Wahba (PUC-SP) sobre o livro “Oxum e a iniciação feminina” de Ermelinda Fernandes. Conforme Wahba, “A autora parte da relação eu outro e da natureza interior do eu, uma busca incessante, sem derivar para fórmulas prontas de autoajuda, particularmente proliferando na produção de escritos sobre o que seria entendido como a real natureza feminina”. Laurênio Sombra (UEFS), por sua vez, dedica-se ao livro “Trans form ação” de Alex Simões: “um livro de poemas que também é ‘memória da pele’, que transa ao mesmo tempo com o lirismo e o humor, e que não tem medo de um sentimento desavergonhado. Mas cuja emoção esconde outras coisas: enquanto anuncia esse esparramar, ele também realiza seus detours, segue por outros caminhos, dialoga com poetas, reflete a própria poesia e constrói ‘grafismos’ que entortam a leitura fácil, como se por trás do lirismo viessem outras caixinhas escondidas”.

Contamos com a resenha do livro “Hegel e o Haiti” (2017) de Susan Buck-Morss, por Carla Oliveira (IFBA, UFMG). A resenha do livro “Enigma do Disforme: Neoliberalismo e Biopoder no Brasil Global” (2018) de Giuseppe Cocco e Bruno Cava, por Graziano Mazzocchini (UFMG), intitulada “Foucault e o Ornitorrinco”. Também a resenha “Mal-estar e moralidade em Julio Cabrera: ser humano como inabilidade moral”, de Marcelo Vinícius (UFBA), sobre o recente livro de Julio Cabrera “Mal-estar e moralidade: situação humana, ética e procriação responsável” (2018).

Ales Vrbata em “Deus Enki e liminaridade da psique suméria” reflete “sobre alguns desdobramentos das abordagens multidisciplinares dentro da tradição pós-junguiana, assumindo uma perspectiva desafiadora para o discurso pós-moderno nas Ciências Humanas”. Yves São Paulo (UFBA) busca “pensar o silêncio como forma de resistência política” frente ao “mundo das redes sociais e do compartilhamento de dados entre grandes corporações” em “A resistência do silêncio”.

No espírito da filosofia antiga, Wanderley de Oliveira (UCV) em “E se Aristófanes estivesse certo?” se propõe a questionar: “Será mesmo que a peça deve ser relegada apenas a um modo de fazer deboche com as personalidades públicas costumeiro das comédias gregas antigas? Ou Aristófanes na verdade apontou falhas na dialética socrática ao igualar Sócrates aos sofistas? Em outras palavras, poderíamos concordar com Aristófanes em certa medida quando este mostra a dialética socrática semelhante ao método sofista de persuasão?”. Ronald da Silva (UFF, UCB), em “A objurgação de Platão à sofística, a necessidade de uma (re)interpretação idônea”, se propõe a pensar “uma reabilitação legítima e necessária dos sofistas e do seu lugar no encadeamento histórico dos problemas e das teorias filosóficas”.

Luccas Rêgo (UFPE) e Marcos Roberto Costa (UFPE), por sua vez, em “Da origem e natureza da alma na obra de Santo Agostinho”, buscam demonstrar que, “dentre os muitos problemas nas obras agostinianas acerca da alma dois deles merecem destaque: quanto a sua origem e natureza. Em ambos os casos, buscando refutar as teorias desenvolvidas anteriores a ele, notadamente três: i) o panteísmo materialista maniqueu; ii) o panenteísmo emanacionista plotiniano; iii) o naturalismo de Cícero, Agostinho parte do princípio base de ser a alma criada por Deus do nada (ex nihilo), o que quebra por completo as ideias de uma preexistência e/ou conaturalidade da alma com Deus, defendidas pelas três supramencionadas teorias”.

“Leituras interpretativas sobre a fala: ‘a carne é fraca’ encontrada na peça teatral A mandrágora de Maquiavel”, de Tamires Coelho (UEFS), fecha a edição com a seguinte proposta: “Tem-se como objetivo maior, debater sobre a possível intenção de Maquiavel ao inserir a fala: ‘a carne é fraca’ no corpo da peça e enxergar as verdadeiras nuances por trás da homilia em foco; seguidamente, ainda como objetivo, quer-se compreender o pensamento do filósofo no que se refere a política e a moral; A hipótese que se levanta é que o florentino pode estar a falar ofuscadamente sobre a natureza humana, que é corruptível, inclinada para a satisfação de seus desejos”.

Boa leitura.

Carla Oliveira
(editora)


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